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Oposição venezuelana denuncia repressão a indígenas e duas mortes perto da fronteira com o Brasil

Grupo tentava impedir passagem de blindados militares, segundo relatos.

22/02/2019 às 15h12
Por: Daniel Lima Fonte: O Globo
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Ricardo Moraes/Reuters
Ricardo Moraes/Reuters

Um grupo de 22 deputados de partidos opositores da Venezuela que está na cidade de Santa Elena , a 15 quilômetros da fronteira com o Brasil , denunciou nesta sexta-feira "uma brutal repressão militar a comunidades indígenas que estão colaborando para conseguir a abertura do canal humanitário". Segundo disse ao GLOBO a deputada Olivia Lozano, pelo menos 12 indígenas foram feridos e uma mulher identificada como Zoraida Rodriguez morreu em um violento incidente perto de Santa Elena. O deputado opositor Américo De Grazia, que está na cidade, confirmou a morte ainda do marido de Zoraida, Rolando García.

Ao menos quatro militares foram sequestrados depois de dispararem contra os indígenas. De acordo com o suspervisor-chefe da delegacia de Santa Elena, foram retidos o tenente de fragata Roselino José Leal Contreras, o sargento Carlos Alfredo Chirvita Marino, o 1º tenente José Antonio Gomez Sifontes e tenente Grecia del Valle, única mulher no grupo.

Os feridos foram primeiramente atendidos no hospital de Santa Elena, mas tiveram que ser transferidos por falta de insumos médicos. Eles  foram levados em duas ambulâncias para a cidade de Pacaraima. A passagem dos veículos foi autorizada pelos guardas venezuelanos, apesar do bloqueio. De lá, seguiram para Boa Vista. As ambulâncias foram primeiro para o Hospital Délio Tupinambá, o único de Pacaraima, mas depois saíram com destino ao Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, a 215 km da fronteira.

Estamos denunciado o governo Maduro por este ataque. Os indígenas estavam tentando impedir a passagem de blindados militares e foram brutalmente reprimidos — assegurou a deputada da Assembleia Nacional (AN) presidida por Juan Guaidó.

Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela com apoio do Parlamento, denunciou  a repressão no Twitter. "Nossa solidariedade com eles. Não ficará impune".

Os indígenas envolvidos no choque com militares, informaram os deputados, pertencem à comunidade de San Francisco Kumaracapay. Os confrontos  foram registrados na comunidade localizada em San Francisco de Yuruaní, no município de Gran Sabana (Bolívar), a cerca de 70 km da fronteira brasileira.

 — Estamos reunidos com autoridades políticas da região, prefeitos e chefes de comunidades indígenas. Estão todos decididos a lutar para que a ajuda humanitária que está no Brasil entre em nosso território  — afirmou Olivia.

Vereador indígena do município da Grande Sabana, na Venezuela, Jorge Pérez confirmou a morte de Zoraida ao jornal local "El Correo del Caroní".

Nas  redes sociais, principalmente WhatsApp, circulam fotos e vídeos sobre o violento incidente. De acordo com a deputada opositora, na madrugada deste sábado congressistas, indígenas e autoridades locais irão até a fronteira para pressionar as forças militares e tentar conseguir o ingresso da ajuda ao país.

Fronteira permanece fechada

Os responsáveis pelo ataque a indígenas, segundo dirigentes da oposição, são agentes da Guarda Nacional Bolivariana e da Força Armada Nacional Bolivariana. Com a ordem de bloqueio por tempo indeterminado, a fronteira da Venezuela com o Brasil não foi reaberta na manhã desta sexta-feira, como acontece diariamente por volta das 7h, informou o site G1. O fechamento  ocorre  na cidade brasileira de Pacaraima, que seria um dos pontos de entrega dos carregamentos de comida, remédio e itens de higiene básica enviados à população venezuelana, e foi ordenado na noite de quinta-feira pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Durante a manhã desta sexta-feira, venezuelanos não puderam atravessar a fronteira a pé nem de carro. No entanto, segundo o G1, grupos conseguiram passar usando uma rota alternativa, as chamadas trincheiras. São pelo menos duas alternativas para quem quer entrar no Brasil, uma delas muito próxima ao posto oficial de controle dos dois países.

Estava previsto que uma comitiva coordenada pelo Itamaraty passaria o sábado no local, e que caminhões venezuelanos entrariam no Brasil para pegar os alimentos e medicamentos.

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