Jair Bolsonaro chegou à Presidência da República carregado pelos votos de um amontoado de grupos heterogêneos: alas pró-militares, defensores do liberalismo econômico, antipetistas em geral, evangélicos e grupos alinhados a uma "nova direita" global, entre outros.
Dez dias depois de entronizado no poder, o primeiro embate profundo dentro dessa aliança já se anuncia: qual será a Reforma da Previdência proposta pelo governo. Após passar três décadas lutando pela melhoria de soldos e aposentadorias de militares, Bolsonaro aderiu a um discurso liberalizante às vésperas da eleição. O "mercado" comprou a tese. Só que agora chegou o momento da entrega.
Nas próximas semanas, Bolsonaro terá de apresentar o tamanho real de sua reforma e mostrar de qual lado ficará no embate entre militares e os economistas liberais, que acham inevitável incluir na proposta os integrantes das Forças Armadas. Nesta sexta-feira, o novo comandante do Exército disse que seria melhor que os militares ficassem de reforma da proposta de reforma.
Mediar os interesses de dois dos pilares de sua eleição não será simples. A expectativa no setor produtivo e financeiro é que a versão final da proposta de reforma seja entregue ao Congresso já no próximo mês, para garantir sua aprovação ainda no primeiro semestre. Como a solução não será indolor, é preciso aproveitar a lua de mel pós-eleitoral. (Paulo Celso Pereira)
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