O constante aumento no valor da conta de energia tem sido motivo de reclamações por parte de moradores em vários bairros de Manaus. Alguns casos, as cobranças aumentaram 40% em um mês.
Consumidores afirmam que, a rotina não mudou e mesmo com a aquisição de novos produtos não há justifica aumentos tão abusivos. Atualmente, a tarifa de energia sofreu reajuste no primeiro dia de novembro em 14,89%.
Consumo em alta ou preços abusivos?
Moradora do bairro Parque Dez de Novembro, Zona Centro-Sul, Ana Carolina Nunes, 52, relatou que os aumentos têm sido constantes desde o mês de abril. Mas foi na conta de outubro que ela notou a diferença maior. Ana informou que em seis meses a conta de energia passou de R$ 700 para R$ 1.755.
“Em setembro paguei R$1.186, já em outubro chegou uma conta com um acréscimo de R$569. Apesar de ser muito quente, comecei a consumir menos para tentar diminuir a conta mas aconteceu o contrário, só aumentou. O meu questionamento é tentar saber se eu realmente consumi tão mais em um mês? São os mesmos moradores com a mesma rotina e, inclusive tentamos diminuir o consumo para poder tentar fazer com que essa
Ana conta que mora com mais quatro pessoas adultas e uma criança e diz que já tomou providências para que o valor venha mais baixo. “Moro em um apartamento com três quartos, e temos aqui todas as coisas que precisamos para viver bem, não não há nenhuma justificativa para que as contas cheguem com esses valores abusivos, até que ponto essa medição é confiável? ”, questionou.
Escritório
Assustado com os aumentos excessivos na conta do escritório localizado no bairro Nossa Senhora das Graças, o empresário Orus Arman, 52, relatou que o valor passou de R$ 3,235 para R$7.435 nos últimos dois meses.
Para ele, um imóvel com dois aparelhos de ar condicionados, uma TV e um frigobar não pode consumir mais de R$ 1 mil em energia elétrica. “Não consigo acreditar que essas medições estejam certas uma vez que o escritório só funciona cinco dias por semana em horário comercial. Já reclamei na ouvidoria e o que sempre recebo como resposta de que está tudo certo nas medições”, explicou.
Arman disse ainda que os aumentos começaram depois que o relógio foi trocado. “Há um ano fizeram a troca do relógio para o telemedidor, desde então a conta só vem aumentando. Mesmo após diversas reclamações não consegui resolver o problema. Com isso, resolvi movimentar uma ação judicial contra a empresa que só vem me prejudicando. Receio que as próximas contas cheguem a R$ 10 mil uma vez que as tarifas foram reajustadas”, lamentou.
Conta em apartamento
Outro consumidor que chegou a reclamar do aumento na conta de energia, Marcos da Silva, 45, contou que não consegue entender como um apartamento que fica o dia inteiro fechado possa gastar mais de 800 quilowatts de energia em um mês. O professor que mora na Ponta Negra, zona Oeste pretende reclamar na empresa o valor das contas. “Minha conta já veio alta em setembro, e no último mês chegou em R$ 705,93. A questão é, como posso confiar na se eles estão medindo direito. Já conversei com moradores próximos e a conta de muitos não passa de R$ 300”, falou.
Recorde de denúncias
De acordo com dados do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon – AM), a Amazonas Distribuidora de Energia ocupa o primeiro lugar em reclamações e denúncias. Até o dia 19 de outubro já estava acumulado 1596 denúncias, com mais de 300 a frente do segundo lugar.
Entre as principais reclamações está a cobrança indevida, ausência de respostas nas demandas serviço não fornecido e fraude lideram o ranking do órgão. “Tarifas abusivas de energia sempre são as maiores reclamações que recebemos todos os meses. Infelizmente, a empresa faz o reajuste e quem paga é consumidor”, declarou o órgão em nota.
Sindicato
De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado do Amazonas (STIU-AM), Joséirton Pereira, existem diversos fatores para que a cobrança no valor da energia tenha aumentado. “Fiação antiga e furto de energia são alguns dos motivos para que as contas estejam aumentando. Muitas vezes também, o funcionário terceirizado não tem acesso ao medidor e inventa números causando esse aumento desenfreado”, alertou.
Perícia
Pereira falou que o consumidor precisa estar atento ao consumo de energia mês a mês, ele explicou ainda que a economia feita não vai aparecer na próxima conta. “Não adianta começar a economizar e achar que no próximo mês a conta vai vir mais baixa, não é assim que funciona. Aumentos e descontos só aparecem três meses depois dos reajustes. Quanto aos aumentos exorbitantes, sugiro que o consumidor acione a perícia da Amazonas Energia para verificar que não está havendo furto de energia”, concluiu.
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