Os dois policiais militares suspeitos de envolvimento na morte do adolescente Hering da Silva Oliveira, de 16 anos, tiveram o mandado de prisão preventiva concedido pela Justiça do Amazonas. O adolescente foi baleado na quinta-feira (25), durante uma abordagem policial no bairro Santo Antônio, Zona Oeste de Manaus. Por meio de uma perícia, foi constatado que não havia pólvora nas mão da vítima.
O adolescente estava na mini vila olímpica do bairro, quando foi assassinado com um tiro nas costas, no momento em que a Polícia Militar atendia a uma ocorrência no local. A vítima chegou a ser encaminhada a uma unidade hospitalar, no entanto, não resistiu aos ferimentos.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Estado, coronel Amadeu Soares, o resultado da perícia constatou que a vítima não tinha pólvora nas mãos. Na ocasião da abordagem, a polícia tinha afirmado que o jovem teria atirado contra a corporação.
“A delegada Rita Tenório, da Seccional Oeste, entrou na justiça com as representações pedindo pela prisão preventiva dos policias militares envolvidos no caso, e o Dr. Mauro Antony deferiu o pedido. Foi decretada a prisão preventiva dos dois policiais. E em função da legislação eleitoral, eles foram notificados a prisão, e passarão amanhã no Comando-Geral para dar cumprimento a prisão preventiva”, explicou o secretário.
Ainda conforme Soares, os suspeitos apresentaram a ocorrência no 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP) e "assumiram a autoria pelo crime". Quanto à perícia balística, ele informou que ainda está em processo.
“Estamos aguardando ainda a perícia balística da arma do policial, no caso, do tenente Elivelton, para que a perícia defina se foi da arma dele que saiu o disparo que alvejou o garoto”, completou.
De acordo com Ivo Martins, delegado-geral adjunto da Polícia Civil do Estado, duas armas foram apreendidas para a perícia. Os policiais militares envolvidos na ação teriam apresentado um depoimento falso, segundo ele.
“Foram duas armas apresentadas. A arma do policial, do tenente Elivelton, e a arma que seria pertencente ao Hering – a arma que teria disparado contra os policiais – o que teria ensejado a reação legítima conforme declaração dos policiais que compareceram ao 19º para prestar depoimento. Essa foi a versão inicial construída que caiu por terra no momento em que o exame residuográfico nas mãos do Hering atestou que não havia resíduo de pólvora. O que nos faz presumir, de maneira muito consistente, que ele não disparou”, disse o delegado.
Procedimentos
Segundo o Comandante Geral da Polícia Militar, coronel Claudio Silva, os suspeitos já estão cientes do mandado de prisão preventiva e devem se apresentar nesta quarta-feira (31) ao Batalhão de Choque, no bairro Praça 14, na Zona Sul da capital, para os procedimentos cabíveis. No dia do crime, o outro PM atuava como motorista do veículo.
“Como a prisão foi decretada no sábado (27), período eleitoral, tem que passar 48h depois do pleito. Amanhã eles estarão se apresentando. Nós já informamos os dois, já fizemos a leitura do mandado de prisão, eles já têm conhecimento. Eles irão espontaneamente se apresentar amanhã e serão recolhidos ao batalhão de choque para cumprir essa prisão preventiva”, comentou.
Após o crime, foi determinada a saída dos oficiais das ruas e da escala de serviço. Os mesmos passaram a cumprir expediente administrativo no Comando de Polícia Metropolitana.
“Nós temos um procedimento operacional padrão escrito, que deve ser levado em consideração, para saber, de acordo com a gravidade do fato, qual a penalização dele administrativamente”, finaliza o comandante.
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