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Microempresária morta após procedimento estético queria retirar estrias dos glúteos, diz amiga

Fernanda Assis já tinha aplicado metacril para preenchimento das nádegas, mas não gostou do resultado e decidiu fazer novo procedimento

15/10/2018 às 17h14
Por: Jéssyca Seixas Fonte: O Dia
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Divulgação
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O procedimento estético ao qual Fernanda Assis, de 29 anos, foi submetida aconteceu na quinta-feira, dia 4 de outubro. De acordo com uma amiga da microempresária, que não quis se identificar, a jovem teria aplicado Aqualifit, um hidrogel modelador de glúteos e também utilizado para o tratamento de estrias.

Ainda segundo a testemunha, Fernanda esperou o marido sair para trabalhar e fez o procedimento em casa. Ela teria pago R$ 2 mil pela aplicação a uma mulher. Fernanda também teria aplicado o produto nos lábios. 

“Ela já tinha colocado metacril nos glúteos e como achava que estava ruim, ela quis fazer um preenchimento para tirar algumas estrias”, revela a testemunha. No entanto, Fernanda começou a se sentir muito mal três dias após aplicação do gel.

Na última segunda-feira, segundo a amiga, Fernanda teria passado muito mal, se automedicou e teve uma melhora aparente. Já na quinta-feira, secreções começaram a sair dos glúteos. Na manhã de sexta-feira, Fernanda então pediu ao marido que fosse levada ao hospital.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Fernanda deu entrada no Albert Schweitzer às 8h50 de sexta-feira com edemas nos glúteos e rosto. Ainda segundo a direção da unidade, a microempresária reclamava de dificuldade respiratória. Na manhã de sábado, a vítima sofreu complicações e precisou ser entubada e, no início da tarde, sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu pouco depois das 14h40.

Muito emocionada, Izabelle Maciel, amiga de Fernanda, lembra que a última vez que falou com a amiga foi na madrugada de quinta-feira. "Ela já estava muito debilitada. Perdi uma das minhas melhores amigas”, lamenta.

Segundo Natália Nascimento, parente da microempresária, Fernanda trabalhava na clínica de bronzeamento que tinha em casa, em Anchieta, e no período da noite ajudava o marido em uma loja de lanches em em Nilópolis, na Baixada Fluminense.

A manicure diz que Fernanda sempre foi uma pessoa muito boa, carinhosa e ajudava muito os sobrinhos. “Ela era a caçula de cinco irmãos. Os pais estão desesperados e a mãe está a base de remédio na cama. A pessoa que fez isso tem que pagar. Ela tem que se entregar", afirma. "Sabe o que é mais absurdo? Ela está oferecendo dinheiro para o Alex (marido de Fernanda) não prestar depoimento”, completa Natália, que é concunhada de Fernanda.

Alex conta que a responsável pelo procedimento ofereceu dinheiro a ele para que não contasse a ninguém sobre o procedimento. "Ela me ligou chorando pedindo para não falar pra ninguém que foi ela quem fez. Disse que vai me ajudar de qualquer forma. Ela me ofereceu dinheiro, me ofereceu tudo. Já a Fernanda pagou com a vida dela", lamenta.

A Polícia Civil já identificou a autora do procedimento estético em Fernanda e pediu a prisão da suspeita à Justiça. Ainda não há informações sobre o enterro da jovem.  

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Roberto Ramos, a partir da indicação de uma cliente na sua clínica de estética é que Fernanda entra em contato com autora do procedimento. 

“Apuramos que no dia quatro de outubro a Fernanda fez um procedimento irregular em casa e colocou material impróprio no corpo. A partir de então, a jovem começou a se sentir mal e veio a óbito dias depois. Tudo acontece de maneira irregular porque a pessoa que fez aplicação não é habilitada e o local que aconteceu isso não era apropriado para que ela passasse por um procedimento. Por todo tempo a vítima ocultou a informação e por isso em nenhum momento eles (os familiares) souberam o que aconteceu até que ela começasse a passar muito mal", explica Roberto Ramos. 

Segundo o delegado, em um primeiro momento elas não se conheciam, mas depois passaram a trocar mensagens regularmente. "Pela aplicação, Fernanda pagou R$ 1 mil. Uma outra mulher que fez aplicação com a suspeita não teve contra indicações ou não teve problema no corpo", conta. 

"Essa pessoa que fez o procedimento sabia que a Fernanda não poderia receber um novo procedimento Mesmo assim ela tomou a atitude de fazer. Estamos investigando se foi um homicídio e se for ela indiciada com dolo eventual. Estamos apurando se essa mulher fazia procedimento em casa ou na casa das pessoas”, completa Ramos.

'O que faço para parar de doer?', indagou microempresária para autora do procedimento estético

“Se arrependimento matasse eu não teria feito isso. Gastei tanto dinheiro para isso. O que faço para parar de doer? Eu não estou conseguindo dormir. Não aguento mais. Isso terá fim? Eu já comprei até remédio pra dormir e não consigo”. Essas são algumas das frases ditas por Fernanda Assis por áudio à mulher que fez a aplicação.

Existem dezenas de conversas entre ambas que já estão em poder da Polícia Civil e que demostram que a vítima estava desesperada e com medo de acontecer alguma coisa.

O DIA apurou que Fernanda não queria que seu namorado soubesse que ela estava se sentindo mal. “Por favor, eu não quero que o Alex saiba que estou assim”, diz a microempresária em uma das conversas.

Antes de dar entrada no Hospital Municipal Albert Schweitzer, a mulher esteve na Clínica Camim, em Anchieta. Lá, recebeu um atendimento prévio. No entanto, por estar já bastante debilitada, o marido da mulher foi orientado a levá-la para outra unidade médica. Os investigadores já estiveram na clínica particular e estão com o prontuário da mulher.

'Ela não poderia realizar os dois procedimentos', diz dermatologista

Segundo a dermatologista Marlene Sessin, não é ideal usar o Aqualift nos glúteos. "O fato de ela ter já aplicado o metacril já contra indica de fazer qualquer outro tipo de procedimento por cima do que ela já havia feito. Não sei se elas sabiam, mas é certo que iria dar algum tipo de reação. Primeiro, que ela não deveria ter feito aplicação de metacril e segundo que não poderia ter sido usado outro líquido no corpo”, diz Marlene.

O polimetil-metacrilato é um material que preenche o volume do tecido. Ele é usado como preenchedor para alterar algumas formas do corpo. "Esse é um procedimento conhecido como bioplastia. Alguns tipos de PMMAs são proibidos no Brasil pela Anvisa. A gente utiliza esse produto com ressalvas e só quando há uma perda de tecido. A gente quase nunca usa esse produto na dermatologia para esse tipo de caso (aplicação nos glúteos)", completa a dermatologista. 

"O Aqualifit também é um gel e é usado em certas regiões do corpos — glúteos e coxas. Ele é um hidrogel com 98% de água e 2% de poliamida. Aumenta o volume e preenchi alguns locais. Esse é um outro produto que não usamos na dermatologia, pois esse produto não pode ser usado no Brasil. Esse produto é permanente assim como o PMMA. Se esse líquido é injetado em algum lugar, a gente não tem nem como reverter. Os dois produtos não são seguros e não podem ser utilizados, pois aqui no Brasil eles não são liberados para isso. Além do mais, a jovem não podia fazer isso. E, acredito que ela não tenha feito isso em local apropriado", conclui Marlene.

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