Há cerca de um ano e meio, o hoje técnico finalista da Copa do Mundo com a Croácia , Zlatko Dalic, ganhou um ticket de viagem oferecido pelos torcedores do Al-Ain, clube dos Emirados Árabes que ele treinou durante três anos. O destino: "Qualquer lugar". A companhia: "Fora Zlatko".
A relação de Dalic com os torcedores do clube começou a degringolar quando o Al-Ain perdeu a chance de disputar o Mundial de Clubes ao ser derrotado na final da Liga dos Campeões Asiática por um time sul-coreano. Zlatko deixou o mundo árabe em janeiro do ano passado e, àquele ponto de sua carreira, nada o levava a crer que se tornaria técnico da Croácia dali a poucos meses.
A seleção da Croácia fazia boa campanha nas Eliminatórias Europeias e liderava sua chave com folga, de modo invicto, até junho do ano passado. Enquanto isso, Zlatko registrava em suas redes sociais o seu tour por estádios da Europa para assistir a jogos do Barcelona, do Real Madrid, do Manchester City e até do Hoffenheim, da Alemanha.
Os caminhos do treinador e da seleção de seu país começaram a se alinhar em junho de 2017. A partir daquele mês, a Croácia atravessou uma sequência ruim com apenas uma vitória em quatro jogos nas Eliminatórias, sendo ultrapassada pela Islândia na tabela de classificação e passando a correr riscos de ficar fora da Copa.
A última dessas partidas, o empate em 1 a 1 com a Finlândia, fez com que a Federação Croata de Futebol perdesse a paciência com o então treinador Ante Cacic e apostasse em Zlatko para buscar a classificação no único jogo restante para os croatas, contra a Ucrânia.
Dalic fez uma mudança importante ao assumir a equipe: começou a utilizar o meia Luka Modric como um camisa 10, e não como um camisa 8. Dessa forma, o jogador do Real Madrid e craque do time não precisava buscar a bola muito perto da defesa e podia ser mais produtivo nos lances de ataque. Resultado: a Croácia bateu a Ucrânia, por 2 a 0, com uma assistência e participação decisiva de Modric.
"Eu tenho que dar todo o crédito aos jogadores. Não houve muito tempo para treinamentos, então tive que focar nos nossos encontros, na comunicação e na motivação. Nós mudamos alguns detalhes táticos, mas o mais importante foi os jogadores estarem focados que aquele jogo era nossa última chance de chegar à Copa do Mundo", disse Dalic em entrevista concedida no início deste ano ao site da Fifa.
Aquele resultado levou os croatas à repescagem, onde o sorteio colocou a Grécia no caminho da seleção croata. Dalic, Modric e companhia asseguraram a classificação para a Copa com uma vitória por 4 a 1 e um empate em 0 a 0, fazendo com que a federação croata decidisse, enfim, efetivar o treinador que até então era apenas um tapa-buracos. O contrato foi assinado apenas oito meses atrás.
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